sábado, 26 de dezembro de 2009

Estereótipos, Exibicionismo e Pseudo-Celebridades (Parte 2)




Se diante de uma escala macro personagens fornecem tantos estímulos para a audiência, e se pensarmos numa escala micro?
Dentro de cada grupo social, pessoas influenciadas por estereótipos por sua vez exercem estímulos em outras, como um "efeito dominó". Ao pensarmos na atuação de auto-exposição na internet podemos ir além, já que a rede temum alcance inimaginável e as pessoas não precisam nem se conhecer ou ter um meio de convívio parecido para se inspirarem nas outras - ou simplesmente acompanharem suas atualizações de relatos e/ou fotos. Se associarmos tal fenômeno com as já citadas necessidade de status e a avidez por visibilidade, tudo se encaixa. Ou seja, a internet (além dos realitys shows) passa a ser uma vitrine em potencial para o aparecimento de pseudo-celebridades, um grupo de pessoas que atingem uma certa condição de "estarem famosos" e não de"serem famosos".

Um exemplo mais simples está contido nas "ninfetas" que gostam de se exibir através de fotologs e vídeos, e a partir de milhões de visualizações passam a serem desejadas por um público parecido com os fãs das "musas globais". Mas com uma grande diferença: A sensação delas estarem mais próximas e não intocáveis, passíveis até de interações. O mesmo ocorre com modelos desconhecidas que utilizam essa "brecha" para pedirem votos em concursos, almejando se tornarem conhecidas.
Existem também aqueles que criam vídeos engraçados que atingem milhões de visualizações e adquirem tanta visibilidade com isso que chegam até a atingir a grande mídia, como o caso da "dança do quadrado". Outras pseudo-celebridades conseguem ganhar uma notoriedade ainda maior através de confissões ou exibicionimos somados ao sucesso efêmero no mundo virtual. É o caso de pessoas que ficam em evidência ao escreverem em blogs absurdamente famosos (como o caso da Bruna Surfistinha, que hoje tem fã-clube e participa até de debates em eventos por ter escrito um 'best-seller').
Outro exemplo interessante é o fato da MTV ter investido nisso e ter no seu quadro atual de apresentadores, uma jovem descoberta através do seu fotolog (Marimoon) e um humorista descoberto através de videos na internet (Marcelo Adnet). São casos parecidos com os pouquíssimos ex- participantes de reality-shows que conseguem conquistar um espaço maior na mídia após os seus "15 minutos de fama" . O caso mais famoso é o de Grazi Massafera, ex-BBB que virou protagonista de novela.

Um último exemplo bem recente que retrata a condição de "estar famoso" é o caso das duas irmãs, de 16 e 15, que fugiram de casa. O caso tornou-se notícia e resultou até na aparição das meninas em diversos veículos midiáticos, inclusive no programa de auditório "Altas Horas". As duas mal sabem explicar o motivo da fuga mas rapidamente viraram pseudo-celebridades, por serem de uma família de classe média-alta e tal atitude vindo de pessoas com acesso e conforto despertar enorme curiosidade alheia.

Em suma, a grande mídia age decisivamente na fabricação de estereótipos que são reproduzidos em grupos sociais e na internet. Surge assim um exibicionismo provocado pela exposição da vida alheia, ali pra quem quiser ver ou ler a respeito. Mais que isso, algumas manifestações de auto-exibição ganham tanta força que acarretam até no surgimento de pseudo-celebridades - que por sua vez atingem a grande mídia, retro-alimentando um ciclo vicioso.

(10/11/2008)

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