quarta-feira, 3 de julho de 2013

De repente Big Field



Localização

Primeiramente considero interessante situar onde o estado está localizado. Muitos de nós do sudeste muitas vezes não paramos para analisar o mapa do Brasil com carinho. Pertencente ao Centro Oeste brasileiro, o Mato Grosso do Sul faz fronteira com as regiões Sul e Sudeste e com Paraguai e Bolívia. Pantanal, Bonito, fazendas e terras indígenas são as principais referências para leigos como eu.

Após a agradável amizade firmada com representantes do Mato Grosso do Sul, diante do desejo de explorar este país ao máximo e beneficiado por uma generosa promoção da Gol, decidi rumar ao Centro-Oeste, inicialmente no intuito de conhecer Campo Grande rapidamente e partir para Bonito, aclamado reduto de belezas naturais. Devido aos protestos que abalaram a rotina do gigante brasileiro, tive que mudar a ida e descartar Bonito do roteiro. Ficou então a oportunidade de conhecer a capital e nesse embalo rumei para Campo Grande.

Mato Grosso x Mato Grosso do Sul

Na chegada a Campo Grande aprendi uma lição muito importante: jamais esquecer do complemento DO SUL ao mencionar o estado. Rola uma rixa forte com o Mato Grosso, normal considerando que em todo lugar para qual viajo é possível identificar alguma rixa. Capital x Interior, Paraíba x Pernambuco, Rio Grande do Norte x Paraíba e por aí vai, sem esquecer da clichê e acredito eu já superada rixa Rio x São Paulo. Enfim, essa observação é interessante porque umas três vezes esqueci o DO SUL e prontamente me chamaram atenção, com razão, do absurdo que eu estava cometendo.

Cidade pacata

Campo Grande apesar de capital é muito pacata. Mas pacata mesmo. De percorrer a principal avenida da cidade em pleno domingão e não se deparar com nenhuma grande movimentação. Um jogo de futsal para comprovar que futebol não é o forte do estado, uma manada de mais de 100 skatistas fechando a rua com direito a anãozinho tirando onda e adolescente caindo porque fez pose pra foto. É, acho até que dei sorte. Cheguei a esbarrar e participar de uma manifestação. Mas o fato é que a cidade é bem pacata. Pra quem curte sossego e busca um lugar bem tranqüilo pensando numa vida serena, é uma ótima pedida. 

Muito verde, muitos animais

Uma coisa muito legal de Campo Grande é que tem muito verde, animais e tudo mais. Eu não dei essa sorte, mas é possível bater de frente com araras ao caminhar pela principal avenida. Vi muitos pássaros o tempo todo, e muito verde, peixes e outros animais no Parque das Nações Indígenas. Um ótimo passeio de domingo diga-se de passagem. No Parque rola uma concha acústica também, com shows. Dei sorte de novo, assisti a passagem de som e uma banda de reggae.   

Afonso Pena

Já citei a principal avenida nos dois parágrafos anteriores. Pois bem, tudo que você precisa saber pra se virar são essas duas palavras "Afonso Pena". A Avenida Afonso Pena corta diversos bairros e concentra nela ou perto dela os principais atrativos de Campo Grande. Em algum momento você pode lembrar do comercial do Posto Ipiranga, eu pelo menos lembrei. Onde fica o Quiosque? Afonso Pena. Onde fica o Shopping? Afonso Pena. Onde fica o Parque? Afonso Pena. Cheguei a achar que ia fazer alguma pergunta que pessoas na rua iam responder "rapaz, não sei, melhor perguntar na Afonso Pena…", mas não rolou.

Hospedagem

Sobre a hospedagem, fiquei em um hotel próximo ao antigo terminal rodoviário. Humilde, satisfatório, perto da Afonso Pena, mas no foco do submundo sul-matogrosense. Eu curto ter contato com esses ambientes, sou fascinado por submundos, mas muita gente não gosta. Até porque não é muito prudente dar sopa para o azar nesses lugares. Recomendo o Íbis, que fica perto dos principais lugares de Campo Grande e apresenta nacionalmente a melhor relação custo x benefício. Não, não estou ganhando uma grana do grupo Accor. Mas viajando pelo Brasil é impossível não constatar que a rede de hotéis dos franceses realmente deu certo. 

Transportes

No Centro-Oeste, assim como no Nordeste, a maioria das pessoas que eu conheço priorizam ter um carro. No Rio de Janeiro, é bem diferente pensando em termos de mobilidade. É normal que algumas pessoas abram mão de ter carro, até porque além de maiores gastos que em outras regiões, temos muitas blitz Lei Seca e outros inconvenientes. Em Campo Grande, o sistema de ônibus é fraco e os táxis são caros. O melhor meio de transporte pra quem não tem carro acredito que seja o mototáxi. Foi o meu meio de transporte oficial. Mais rápido, mais barato que o táxi e aquela adrenalina da sua vida na mão de um desconhecido.  

Comidas

O Mato Grosso DO SUL tem um forte colônia japonesa, o que tornou o macarrão tradicional sobá uma comida típica do estado. Lembra de leve um yaksoba, mas carregado de cebolinha e cheiro verde ao invés daquele mix de legumes. Prefiro yaksoba mas curti. Um bom lugar para comer é na Feira Central, que concentra vários restaurantes servindo sobá, yaksoba e outras opções de rango. No mercado também possível comer doces saborosos e comprar itens de utilidade geral como capinha de celular, coisas assim.

Almocei também na Peixaria Ceará, na Dom Aquino. Ótima comida. No dia em que comi lá várias opções do peixe pintado se destacavam.   




Nights Sertanejas

O forte da night campo-grandense é o sertanejo. As duas principais casas noturnas são administradas pelo mesmo grupo: Valley Acoustic Bar e Valley Pub.

Fui orientado a chegar cedo na Valley Acoustic Bar no sábado para evitar mofar na fila.  Na espera pra entrar, comecei a reparar nas mulheres. Muito brilho, muito dourado, prateado, muita luz, muita maquiagem, tudo combinando, roupas elegantes. O resultado é interessante mas é uma beleza forjada. Como em Goiás foi parecido, desconfio que no Centro-Oeste cada mulher tenha o seu próprio estilista. Claro que nunca é tarde para conhecer alguma mulher com a beleza natural aguçada sem uma tonelada de maquiagem, linda, com nome lindo, inteligente e apaixonante. Mas enfim. Entrando na boate, antes de encontrar conhecidos, me senti um completo estranho no ninho. Acho que essa parte o MS herdou do Sul, todo mundo fechado no seu grupo, sem brecha para intervenções. Tem que conhecer pelo menos uma pessoa.

Depois que encontrei conhecidos foi mais fácil me adaptar. De qualquer forma quando o som começou a rolar, fiquei realmente perdido. A night sertaneja no Centro-Oeste é muito interessante porque a galera realmente se empolga cantando as músicas. Mas quem vem de fora muitas vezes fica perdido nas letras e consequente empolgação. Comemorava quando rolava um Zezé di Camargo e Luciano, mas foram só duas ou três músicas. Da próxima vez vou estudar, fazer um intensivo com as mais tocadas na região.

No dia seguinte tive a oportunidade de escolher entre um pagode e a outra Valley (Valley Pub). Quase optei pelo pagode mas pensei legal, pô o forte daqui é o sertanejo. Sábia decisão. Claro que nunca é tarde para conhecer alguma mulher com a beleza natural aguçada sem uma tonelada de maquiagem, linda, com nome lindo, inteligente e apaixonante. Entrando na casa, algumas semelhanças com a outra Valley. Decoração antiga e luxuosa, um misto interessante de retro e glamour. O ambiente é apertado, todo mundo se encosta, alguns tentam dançar mas as limitações de espaço não favorecem muito. Também tentei dançar e putz, preciso voltar a fazer aulas. Era um domingo e tive a oportunidade de assistir uma cantora da velha guarda do sertanejo chamada Delinha. Ela fazia parte de uma dupla chamada Délio e Delinha, aclamada pelo MS mas que foi desfeita com a partida do Délio. Delinha segue firme e forte emocionando e animando o público.

Após essa breve passagem voltei ao Rio de Janeiro satisfeito mas com a meta de voltar ao estado para conhecer Bonito e posteriormente o Pantanal. Agradeço aos amigos pela receptividade e espero poder retribuir aqui no Rio.

Atualizando o placar, agora são 16 de 27 unidades federativas conquistadas! Sigo firme na missão de fechar o mapa do Brasil! Pé na estrada e vamo que vamo!