sábado, 26 de dezembro de 2009

Pedra Fundamental

Salve, salve!

Bom galera, está no ar o Procedência 021. Um espaço para reflexões, críticas, reflexões críticas e o que vier a tona e valer a pena propagar. Basicamente de teor político, talvez humorístico, mas com a plena consciência de querer fugir de rótulos.


Do cotidiano carioca para o mundo, um olhar apurado sobre os fatos. Ou sobre como os fatos são analisados/representados. Falar sobre a vida real. Ir além do Rio das novelas de Manoel Carlos. Lutar contra a hegemonia cultural do eixo Centro-Zona Sul. Mais que isso, estar atento também ao contexto nacional e internacional. Partindo de uma visão de mundo proveniente da cidade vulgo maravilhosa/desespero, captar ou questionar de forma ampla os significados de acontecimentos ao nosso redor.

A hora é essa, o Procedência pede passagem!

Retrospectiva - Insight Insônia

Caros amigos,

enquanto preparo alçadas inéditas dentro dessa nova roupagem, tomo a liberdade de re-publicar os meus textos para o blog do qual eu fazia parte, o Insight Insônia.

A seguir - para o leitor de hipertexto que convencionalmente estiver lendo de cima pra baixo - alguns dos textos que escrevi nos últimos 1 ano e 3 meses de Insights.

Vamo que Vamo!

Marley e a Garça




Caros leitores de hipertexto, para alguns o zapping representa uma arte, para outros um vício insuportável. O fato é que, assim como milhões de pessoas ao redor do mundo, sou um adepto dessa prática. Como todos nós sabemos, centenas de canais de uma tv a cabo não correspondem a idéia de satisfação garantida. Achar algum filme ou programa com o mínimo de qualidade constitui uma árdua missão. E nessas "andanças", recentemente me deparei com Marley e Eu. Trata-se de um daqueles típicos filmes que um dia virão a se tornar agradáveis repetecos de sessão da tarde. Isso, obviamente, pra quem gosta de um filme sessão da tarde. Até porque nem todo mundo valoriza os "filmes-pipoca" feitos para emocionar o espectador.


Diante de uma primeira impressão, ser um best-seller para mim não constitui uma boa referência. Porém, entretanto, todavia, a obra em questão tem o seu diferencial. Normalmente os filmes com animais apelam de todas as formas possíveis, cachorros que falam, papagaios com super-poderes e por ai vai. Marley não é um cachorro convencional, mas nem por isso fala ou tem super-poderes. Sua relação com o seu dono, o jornalista John Grogan (Owen Wilson), reflete muito do que pode significar uma sincera relação entre homem e animal. Mais que isso, como um animal pode acompanhar a vida de uma família. E sabemos que, infelizmente, talvez só seja possível encontrar a mesma pureza dos cachorros nas crianças.


Outro aspecto interessante concentra-se na relação de John Grogan com a sua profissão. A ambição de ser um jornalista renomado e a realidade de escrever sobre assuntos banais acabam ficando de lado, quando o americano é persuadido a assumir uma coluna. Passando a escrever sobre o cotidiano, inclusive sobre Marley, o escritor obtêm prestígio através de um caminho diferente em relação ao que a maioria dos estudantes de comunicação almejam. O sucesso que ele poderia ter alcançado por outro viés aparece representado na figura de Sebastian, amigo bem sucedido no jornalismo investigativo e solteiro convicto.

Sinceramente, os meus planos não vão muito além do que o escritor realiza. Viver de escrever crônicas do cotidiano, com filhos gerados por uma mulher estressada no naipe da Jeniffer Aniston. Morar em um lugar aprazível, escrever com um bom charuto e um óculos na beira do nariz e estar pronto para a qualquer momento aplicar a deixa "relaxa amor, deixa eu te fazer uma massagem". O best-seller eu dispenso.

Retomando. Quando John Grogan resolve mudar de cidade e jornal com o intuito de trabalhar como jornalista de fato, percebe que aquilo não faz mais sentido pra ele. Passa então a tentar convencer o editor a abrir uma brecha que possibilitasse o seu retorno a função de colunista cotidianesco. Talvez alguns considerem uma relação forçada, mas esse filme certamente poderia ser exibido em alguma aula de jornalismo. Contudo, muitos professores de comunicação estão mais preocupados em fazer política, ocupar cargos burocráticos e/ou corrigir provas com observações excêntricas (como um dia desses no qual recebi uma prova com a pérola "retórica contemporânea"... E eu lhes pergunto, o que seria exatamente uma "retórica contemporânea"? E qual a relevância disso nas nossas vidas?).


Em suma, pra mim não importa. Prefiro colunas e crônicas bem escritas do que matérias mecânicas ou artigos acadêmicos verborrágicos. E prefiro também a sinceridade dos animais e das crianças. Sobre as crianças, o inevitável é apenas adiado. Em algum momento nossa pureza acaba sendo corrompida. Felizmente em alguns casos, apenas parcialmente. E nesses casos devemos nos espelhar.

Por fim, eu só tive um cachorro e não rendeu uma história bonita como a do filme. Já tive e tenho alguns gatos, todavia não rendem uma relação honesta como o cachorro possibilita. Mas não me esqueço de um encontro com uma garça. Forçado a realizar um pit stop, ao acaso me deparei com ela... Apenas contemplando o Pão de Açúcar e articulando o seu plano de vôo. Por um instante, estive bem próximo de uma garça. Nenhuma palavra foi dita, entretanto talvez eu tenha aprendido mais com ela do que com muitas pessoas com as quais me deparo pela vida. Leveza, contemplação, simplicidade. E com certeza, Marley e tantos cachorros já ensinaram muito mais aos seus donos do que outros seres humanos ao redor deles.

(15/12/2009)

ITAIPU, WE HAVE A PROBLEM!

Aparentemente era só mais um fim de terça qualquer, desses do meio de semana que a gente já não aguenta mais os jogos da segundona e muito menos as mesmas piadas do Casseta & Planeta. Quando tudo se apagou de repente, ninguém teve noção da gravidade do blackout. Todavia, seja através de rádios, computadores que ainda tinham bateria e/ou via celulares com internet (puta que pariu, sem soberba, como eu fiquei feliz de ter um), aos poucos foi possível entender a real dimensão da cagada.

Parecia um filme-catástrofe, talvez um episódio de além da imaginação... Alguns gritaram o nome de seus times, outros preferiram anunciar a volta de Jesus para buscar o seu rebanho. O clima era estilo Independece Day ou algum pipoca do gênero, naquelas cenas em que se faz o balanço de quem resiste ou não aos ataques: "Perdemos a Europa", "Na Austrália temos resistência!".

As informações eram imprecisas e as pessoas ficaram empolvorosas:"Falta luz em RJ, SP e MG", "Acabou a luz também no nordeste","voltou em Santa Cruz do Rio Pardo!", "O apagão chegou no Paraguai"e por aí vai. Sem contar o boato que repentinamente foi ganhando força: "o reestabelecimento pode levar até 48 horas". Aí já viu, a turma do oba-oba já falava em feriado... Entretanto, para a tristeza de alguns e alegria de muitos, por volta de 1 da matina a luz voltou.Imagina se tivesse sido na sexta-feira 13!


Só sei que desse king kong o governo não conseguiu escapar. Teveblackout na era tucana e também na era Lula. Por uma infeliz coincidência, há 2 semanas atrás, Dilma afirmou (cheia de si) que o Brasil não voltaria a sofrer com apagões. Onde eu quero chegar: não acho que a culpa seja deles, mas existe uma falta de cuidado com o que é dito. O resultado é esse. Ao fazer declarações convictas sobre questões que fogem do controle pleno, temos um precedente/ingrediente para ataques. Ou seja, botam banca para não serem engolidos pelos meios de comunicação e acabam engolidos por eles de qualquer forma. Segue matéria do g1, filhote das organizações globo, fazendo chacota da candidata a sucessão presidencial:


Arte: Vitor Neves

Interessante ressaltar que mais uma vez o twitter foi um dos grandes destaques na circulação imediata de notícias. Aos poucos foi surgindo a informação mais precisa: Itaipu, we have a problem! Pela primeira vez na história, a maior fonte de abastecimento do país nega fogo. Ou melhor, nega luz. Veio então a confirmação: uma queda em 3 linhas de transmissão localizadas entre Paraná e São Paulo. A justificativa oficial (leia-se desculpa caô caô) é bem simples: "condições meteorológicas adversas".

Será que eu apertei algum botão errado? O mistério paira e fica a dúvida no ar... Qual terá sido o real motivo do apagão???Alienígenas fazendo testes? Um marketing viral revolucionário para divulgar a estreia do filme 2012? José Serra cortando a energia numa maquiavélica intriga da oposição? Ou a culpa é da Madonna? Façam suas apostas!

(11/11/2009)

Soberba Presidencial e Hipocrisia "Comunista"



Caros amigos, a vida corrida tem me privado das foleadas de jornal. Todavia, durante uma emissão de resíduos me deparei com uma manchete deveras curiosa: "Lula cita Hitler para atacar PSDB". Tudo bem, a fonte é a mais podre possível. De qualquer forma, apesar de apelações e possíveis distorções - práticas comuns se tratando dolegado de Roberto Marinho - o discurso realizado foi lamentável.

Longe de mim querer defender tucano... Até pela certeza de que os 8 anos de Lula são consideravelmente superiores aos 8 anos de FHC. Além disso, gafe de presidente nunca foi novidade. Entretanto, o tom arrogante de nosso presidente ganha cada vez mais força. No atual episódio Lula caprichou: Afirmações que menosprezam a universidade, farpas em resposta a políticos/intelectuais e auto-vanglorização na qual ele próprio se coloca como ícone.. Não sei a vocês, mas isso realmente me incomoda.

Palavras de Lula: "Eu tinha que provar a todo instante que poderia governar o país . Se fracassasse, iríamos levar mais 150 anos para um operário governar novamente este país". Até consigo entender a linha de raciocínio, mas a soberba é irritante ao desconsiderar o preço que foi pago. Tal fato pode ser exemplificado de maneira muito simples: O discurso em questão foi feito no Congresso do PCdoB, que conta com a participação de nada mais nada menos que o PMDB. Sim, aquele mesmo partido que governa sem governar. Mais comunista impossível, não acham?

Talvez isso soe como um ataque a soberba do nosso Presidente e/ou a hipocrisia e mediocridade do PCdoB. E talvez seja mesmo. Não importa! A verdade é que (no passado) o mesmo Luíz Inácio me avisou que são picaretas com anel de doutor. E eu continuo acreditando nisso...

(07/11/2009)

País Sem Vergonha & Heróis do Cotidiano

Caros leitores de hipertexto, a vida corrida e alguns acontecimentos recentes tornam algumas constatações realmente incômodas.

O assassinato de um coordenador do Afroreggae é algo gritante. Morto reagindo a um assalto, agonizou na frente de uma patrulha da PM que se omitiu ao ocorrido. Mais que isso, a polícia aborda os assaltantes e saqueia os pertences da vítima, liberando os meliantes em seguida. Tudo flagrado pelas cameras de segurança. A justiça será feita?


No Maranhão, o Chapadinha (hein?) tomou de 11 a 0 do Viana, e o mesmo subiu para a primeira divisão desbancando o tradicional Moto. Na maior cara lavada, o zagueiro do Chapadinha fala que não dava pra enxergar a bola. O Presidente da Federação Maranhense de Futebol esclarece que isso é descabido, que dava para enxergar e o caô não colou.

Aí eu penso no PM que rouba o ladrão. Reflito sobre o time da segunda divisão maranhanse que entrega o jogo por 2 mariola... Me surge uma indagação: onde estão nossos heróis em meio a tudo isso?


Não sou a favor de reação em qualquer abordagem criminosa que seja, mas quando eu vejo um daqueles casos extraordinários de olé, fico realmente admirado. O trabalhador oprimido tem a missão de sacar 4 mil reais da empresa no banco. Algum funcionário ou observador "dá o serviço" para o assaltante de stand by, esperando uma presa como essa. O rapaz sai da agência e é abordado pelo criminoso. Naquele segundo, o sujeito é outro. Não é um ser pensante. Trata-se de alguém que reage instintiva e reflexivamente ao momento. Nesse caso, de forma imprudente, nosso herói se afasta do assaltante, mesmo sob ameaça de tiro, pula alguns muros e segue seu caminho. O assaltante segue em preseguição de moto mas não o alcança. Um verdadeiro Ninja Jiraya...

Embora não tenha nada a ver com os casos relatados, coiscidentemente acabo de rever a sequência do "Perfume de Mulher". No filme, o Al Pacino faz papel de ceguinho-maroto, dá uma uma aula de sagacidade e tira onda no tango:
http://www.youtube.com/watch?v=AhJ8tO8bf3A

Sinto raiva do Chapadinha e da PM carioca inescrupulosa... Mas lembro do Ninja e do Al Pacino. Esses exemplos que nos motivam a seguir em frente e acreditar em um mundo melhor.

(22/10/2009)

Confrontos Épicos do Cotidiano ao Senado

Confrontos inevitáveis se tornam inesquecíveis. Torna-se conveniente chamá-los de épicos. Me refiro a idéia de combate em todos os âmbitos possíveis: pessoal, público, político, esportivo ou tudo ao mesmo tempo agora. Do cotidiano corriqueiro ao dia-a-dia do Senado, passando pelo boxe mundial, pretendo traçar um breve panorama dos confrontos que norteiam a cabeça desse que vos fala.

Primeiramente, os que estão ao meu redor diretamente e contam com a minha participação: A infelicidade de ter estatística como matéria obrigatória pode render um duelo extenso e dramático entrehomem x números. Até que um dia, o sujeito se enche de determinação e conta um pouco com a sorte. É possível para alguém que tem uma vida mundana tire 10 em estatística, pode acreditar. Outro bom exemplo consiste na luta homem x máquina. Pernoitado em pleno final de semana, com a missâo de efetuar uma programação de softwares. Sem entender nada do assunto. Combate dos bons... A superação se mostra presente mais uma vez. Vencer números e máquinas consiste em algo deveras honroso nos dias de hoje. Além disso, não esquecerei das lutas que envolvem adversários de carne e osso, o combate homem x homem. No local onde você é local, vem uma manada de meliantes das categorias de base. Um golpe aplicado lindamente tira 2 ao mesmo tempo e um olé - que lembrou o "baila comigo" do Mendonça pra cima do Júnior - resolvem o problema.

Por conseguinte, durante uma insônia corriqueira me deparo com o filme sobre Muhammad Ali. O lutador não enfrentou batalhas apenas dentro do ringue. O Governo Americano, incomodado com a sua popularidade, perseguiu seu talento e sua liberdade. Diante de tal situação, Ali não aceitou a rendição. Como resultado, teve que cumprir uma punição injusta de anos sem poder lutar... Quando finalmente pode reinvindicar o cinturão novamente, o oportunista Don King e as circunstâncias proporcionaram o inusitado: George Foreman x Muhammad Ali, no Zaire. Naquela noite, o episódio conhecido como "The Rumble in the Jungle" transformou o Zaire no centro do mundo. Muitos amantes e especialistas do boxe consideram a maior luta de todos os tempos.

Por último, temos o confronto existente no atual cenário político-nacional. Tenho dificuldades em reconhecer alguém que esteja do nosso lado. Qualquer pessoa de bom senso suspeita ou tem certeza que são todos farinha do mesmo saco. O constante surgimento de escândalos tem feito do Senado o melhor exemplo disparado da sem vergonhice da política brasileira. Quando eu vejo Collor defendendoSarney e apoiando Lula, imagino que alguma coisa está errada. E não para por aí, a gente sabe. De qualquer forma, realmente temos diversos exemplos gritantes de incoerência e falta de ética. Aqueles que um dia falaram sobre um governo diferente seguem a risca os requintes da pilantragem. Tanto que até militantes ferrenhos, aqueles com foto do Lula na parede, estão sendo afetados por cortes salariais injustos e são obrigados a pensar: "logo no Governo Lula". A diferença é o populismo. Mas não é o suficiente para maquiar a verdade quando temos uma Petrobrás patrocinando um congresso da UNE ou uma trupe (me recuso a chamar de tropa) governamental para garantir a permanência de um Coronelismo. Não defendo nenhum lado, porque a conclusão é simples: todos eles estão contra nós!!!

Para fechar, recomendo uma visita ao MUCO - Museu da Corrupção:
http://www.dcomercio.com.br/muco/
Não deixe de comer uma pizza e e visitar a agência de viagens!

(10/08/2009)

Twitter Revolution


Algumas pessoas ainda se orgulham por não saber o que é twitter ou por representarem a resistência e ainda não terem efetuado o cadastro. Porém, não há dúvidas de que é a rede social na moda. Achei um trecho aqui de um trabalho que fiz para a academia sobre twitter. Uma linha parecida com o que o Vlad disse em post anterior sobre famosos e o site. Aprofundando nas relações entre empresas e celebridades, torna-se possível pensar no desenvolvimento de idéias sobre reapropriações das mídias sociais.

"É interessante notar que o twitter foi criado com a simples idéia de ser um microblog no qual você responderia "what are you doing?" em no máximo 140 caracteres. Ou seja, a sua proposta inicial era ser mais uma ferramenta de auto-exposição, na qual as pessoas colocariam seus pensamentos e afins.

Entretanto, tal mídia rapidamente foi vista por famosos e empresas. O que uma coisa tem a ver com a outra? As celebridades trouxeram visibilidade e popularidade para a rede social em questão e com isso, as empresas enxergaram o excelente potencial para práticas de marketing. Além das empresas, a adesão de famosos atrai uma quantidade significativa de novos usuários e consequentemente gera cada vez mais diversas utilidades para o twitter. Uma observação interessante é que os famosos quase sempre utilizam a mídia da maneira que ela foi proposta inicialmente. Dessa forma, influenciam diretamente no crescimento e o consequente surgimento de novas formas de lidar com a ferramenta.

Esse processo, constituído no desenvolvimento de usos que se diferem da proposta inicial, pode acontecer com quase qualquer mecanismo ou ferramenta de internet. Mais interessante ainda, é notar que essas reapropriações quase sempre estão ligadas diretamente a sucessos estrondosos."

(03/08/2008)

Eu Quero Ver Gol - Parte 1


Caros leitores de hipertexto, alguns finais de semana realmente me fazem sentir saudades do que ainda nem aconteceu. O Rio de Janeiro é efervescência, disso acho que ninguém discorda. Talvez esse relato beire para o âmbito pessoal, mas o desejo de ter isso registrado falou mais alto. Faço isso pelo tom nostálgico que esse post terá quando eu revê- lo daqui a 15 anos.

O recorte geográfico limitado é uma espécie de agravante relacionado não apenas a turistas desavisados, mas a muitos moradores da própria
babilônia carioca. Para ilustrar, tem botafoguense que nunca foi aoEngenhão. Claro, algo assim envolve outros méritos que não serão explorados, já que não é o "nosso caso". Evidentemente, existe uma limitação físico-espacial de tempo viável para locomoção. Conseguir atravessar grandes trechos da cidade em curto espaço de tempo é uma arte e exige extrema habilidade.

Sábado
sem sol e dia de jogo, esse humilde narrador resolve ir ao Festival de Jazz no Leblon com alguns comparsas. No coração do bairro, Ataulfo com Dias Ferreira. Policiamento ostensivo para garantir o ir e vir da burguesia, funcionárias do lar uniformizadas na janela, madames, cachorrinhos de madames, casais apaixonados, bebês felizes. Sem esquecer das patricinhas que vestem shorts por cima de calça para serem descoladas, colocam óculos doce & gabannacomprados na última viagem a Europa e usam maquiagem para ir na esquina de casa. Nesse caso específico, o cenário ainda era composto por formosas vendedoras de itaipava latinha a 5 reais e alguns transeuntes. Mas, para sorte de alguns, existe um boteco entre aquela famosa loja de sucos e aquele pomposo restaurante.

A hora foi passando e durante a apresentação de uma banda, o vocalista se refere ao
"maior malandro de todos os tempos ". Nesse momento, ele evoca Madame Satã. Falha grotesca. Todo mundo sabe que o título de "maior malandro de todos os tempos" é do grande Bezerra da Silva. E quem discorda disso não sabe nada sobre malandragem. Perambulando mais um pouco, um flamenguense provoca: -Vocês não deveriam estar no Engenhão? -Nós vamos. O sujeito olha para o relógio descrente...

(27/07/2009)

Eu Quero Ver Gol - Parte 2

Leblon-Engenho de Dentro é um pulo, será? Quem me dera. Mas nada que 2 ônibus e a Praça da Bandeira não possam resolver . Lembrar: pedir isqueiro emprestado pode render contato. No caminho, o ônibus inteiro acaba sendo obrigado a acompanhar o jogo e vejam só: 2 a 0. Tremenda correria e só consigo adentrar o estádio com 40 minutos da primeira etapa. Após fazer zona sul-zona norte em tempo recorde, assisto ao empate do time adversário. 2 a 2. Se terminasse com esse resultado, além de estragar o dia de alguns, tal placar causaria em mim frustração e sentimento de culpa. Felizmente era um dia de sorte... Aos trancos e barrancos, 3 a 2. Quero ver gol mas só se for do meu time.

A saga continua sentido centro, agora de trem. Quase todo lugar serve para andar de skate. Da Central a integração é rumo a Santa Teresa,206 e festa julina. Mas antes, numa ação rápida para garantir uma cerveja, eis que o narrador se direciona ao aglomerado de camelôs na frente do ponto final e intima:
-Não tem ninguém vendendo cerveja?
(O camelô das correntes e relógios se sente na obrigação de representar seus iguais)
-Qual cerveja você quer?
-Qual você tem? Tá gelada?
Eis que surge uma última itaipava gelada de uma sacola com gelo, consumo pessoal do trabalhador sacrificado no intuito de manter a honra do comércio informal daquele aglomerado. Sem trocado, sou direcionado para a barraquinha de balas e chocolates:
-Paulo Roberto! Tira 2 aí por favor...

E assim sigo o meu caminho. Tempo ruim e a consistência de açúcar envolvem eventos de rua como festas juninas ou julinas, ocasionando no cancelamento dos mesmos. Fazer o que? Lapa. Sempre tem espaço para ela no final da noite. Milagrosamente o maldito 497 surge sem demoras. Grata surpresa, motorista e trocador fanfarrões perguntando "como tava a Lapa de mulher".

O Rio merece ser revirado e desbravado. Não importa como ou por onde, a gente sempre chega lá. A posição geográfica no mapa é apenas um detalhe para quem tem disposição. O importante é a vontade de ver gol.

(27/07/2009)

Arrumar a Casa

Primeiramente estava refletindo e conclui: devemos nos lembrar de escrever no papel. No meu caso, de qualquer maneira acaba vindo aqui pra tela. Incoerências a parte, vamos em frente...

A sensação do cerco fechando.
Talvez não esteja,
Mas a sensação em si
Causa pânico,
Provoca mudanças,
Faz pensar... Faz pensar...

Opiniões pré-definidas
(e de certa forma subconscientes),
Remetem ao lugar-comum.
Nele, não existe flexibilidade.

Saber o caminho a ser evitado e segui-lo?
Não vejo vantagem...
Um obstáculo não pode ser visto com temor.

O tropeço não pode ser lamentado,
Tem que ser estudado. Isso sim. Dissecado.
E o obstáculo seguinte se torna menos assustador,
A vitória fica menos distante.

O importante é querer prosseguir,
Enxergar onde quer chegar.
A evolução orgulha, fraquezas decepcionam.
Saber onde não pisar tem que ser revertido em ações...
Com prestígio, sem soberba.
Assim a gente cresce.

(23/07/2009)

Bodas de Prata com a Vida

Ladeira Frei Orlando Número 37/201, imediações da Rua Paula Matos - Santa Teresa.

Foi lá que tudo começou, pelo menos pra mim... Uma relação harmônica, por vezes conturbada. Por nascer em casa e de parto natural, a controvérsia já começa no momento inicial: 16/06/1984 ou17/06/1984? 23:59 ou 12:01? 4 pessoas presentes mas apenas 2 testemunhas: um pai teimoso e uma médica especialista. As outras pessoas não contam: uma mãe parindo e uma irmã dormindo. O quinto elemento emergindo, o protagonista e foco das atenções daquele evento. Filho de cartunista bohêmio com arquiteta hippie, qual poderia ser o resultado? Algo convencional que não seria.
Quem registra é o progenitor, optou pela sua cisma. Em contrapartida, confio na opinião de uma profissional da saúde. Para evitar incidentes diplomáticos e ser beneficiado pela dúvida, sempre gostei de comemorar nos 2 dias. Surge então outro questionamento: Se quem nasceu no dia 29 de Fevereiro só faz aniversário de 4 em 4 anos, estaria eu fazendo 49 e 50 anos na sequência? Talvez faça sentido, já que os cabelos brancos insistem em aparecer.


Procurei por eventos marcantes de datas tão marcantes, mas achei pouca coisa significativa:

No dia 16, surge o Cirque de Soleil e a Nova Igreja Adventista do Sétimo Dia é inaugurada. No dia 17, Lionel Jospin (quem diabos foi esse cara?) é eleito membro do Parlamento Europeu e Nelson Piquetvence o Grande Prêmio de Montreal. O Piquet venceu em minha homenagem, "mó barato".
Nisso veio outra conclusão: Não satisfeito em nascer exatamente na hora da virada, foi justo de um sábado para domingo. Realmente a minha existência deve ter algum significado forte para/com a sociedade e ainda vamos descobrir qual.
Fugindo um pouco do ano de 1984, vale uma menção: O Maracanã foi fundado no dia 16 de Junho de 1950. Ou seja, eu e o Maraca fazemos aniversário juntos, é muita onda!

Tenho refletido muito sobre essas datas e algumas coisas devem ser consideradas:
1) Finalmente passei da indigesta marca dos 24!
2) Estou ficando velho


Fora isso, várias coisas tem passado na minha cabeça como aquela música do Titãs. Devia ter amado mais e visto o sol se pôr mais vezes. Errado mais não, foi na medida certa. Devia ter reclamado menos, especulado menos e até pensado menos. Devia ter feito mais sexo, praticado mais esporte (o que também se encaixa na reflexão anterior), flertado mais... Tudo bem, infelizmente já estou chegando naquela fase onde um homem se convence de que não vai pegar todas as mulheres do mundo.

Mas agora sério, sérinho mesmo. Talvez eu tenha me exposto demais e esteja afetado pela imponência do número 25, mas nada tem sido tão forte nessa ficha caindo do que o sentimento de querer ser alguém melhor. Gostar do passarinho cantando de manhã e comprar o pão fresco na padaria. Sem mais.

(16/06/2009)

Pobre Gervásio - Parte 1


"Tira essa escada daí... Essa escada tem que ficar de fora, eu vou chamar o síndico! Tim Maia!"

Caros degustadores de interfaces, esse começo efusivo se deve ao fato de acreditar que só mesmo o saudoso Tim poderia salvar Gervásio. De quebra quem sabe salvaria esse humilde narrador que escreve em hipertexto e fica feliz quando descobre quem são alguns de seus leitores anônimos. Quem é Gervásio? O que ele tem a ver comigo? Como Tim Maia poderia nos salvar? A verdade é que todos esses elementos se encaixam de maneira coerente e talvez eu até convencesse vocês disso, mas antes que isso fosse possível eu sou obrigado a agregar a Rua Ceará nessa mistura toda.

Vou tentar esclarecer. Todas essas coisas me remetem ao assunto invasão de privacidade. Ocorre que estava eu ontem assistindo ao noticiário local e aparece uma reportagem de trânsito falando sobre as retenções na Radial Oeste decorrentes da obra de extensão da linha 2 do metrô. Nesse momento a repórter indica que o melhor atalho para o motorista fugir do engarrafamento é virar a direita e pegar a Rua Ceará... Isso mesmo, a Rua Ceará.



Nesse momento me vem a mente todas as imagens daquelas imediações: bares de motoqueiros, ambiente underground, bares com rock rolando e andando mais um pouco, passou a fronteira tá na Vila Mimosa. Eu já havia escutado que abririam caminho por ali, mas preferia não acreditar nisso. Até que um dia eu estava em um táxi com a minha progenitora e o motorista veio a falar "posso virar a direita para cortar caminho?" E pronto. A Rua Ceará despudorizada, com a sua privacidade totalmente violada. Nesse momento tive pena ao pensar em todo tipo de frequentador da Vila Mimosa, de macacão sujo de gracha a terno e gravata, que se consideravam livres quando atravessavam debaixo do viaduto. Veja bem caro leitor, minha indignação não é só porque quem vai na encolha precisa ficar mais atento. O principal motivo se refere ao espirito underground do lugar, que não combina em nada com uma via expressa. Mas enfim, vamos em frente. Essa era apenas a primeira das invasões de privacidade que eu iria ter contato.

No dia seguinte, tinha um exercício acadêmico a fazer. Foi então que, ao ler uma crônica do Stanlislaw Ponte Preta, me deparo com a história de Gervásio. Casado com uma esposa do estilo amélia, resolve levá-la para jantar fora em comemoração a 25 anos de casamento. Sugere diversos restaurantes finos que são rejeitados, até o momento em que ela aponta para um inferninho e cisma com ele. O marido tenta fazer com que ela mude de idéia, mas os seus esforços são em vão. A partir daí a casa cai pro Gervásio, todos os funcionários o conhecem e fazem questão de tratá-lo bem oferecendo suas preferências. Outra invasão de privacidade das brabas, criando um enorme constrangimento fictício.
Na sequência eu precisava ir até o banheiro e, nesse pequeno percurso, dou de cara com um indivíduo raspando a fachada do prédio, sentado num andaime na frente da minha janela. Não achei nada agradável saber que nos próximos dias terei um espectador do meu lar. Todo cuidado com o que é dito, afinal parece uma daquelas tramas de agentes infiltrados disfarçados em um furgão de tv a cabo. Pior ainda é ser obrigado a escutar uma música entoada de forma deveras desafinada ou escutar uma reflexão sobre a mulheres do pagode, quando você só queria pegar um copo d'água.

Foi a partir daí que tudo começou a se encaixar na minha cabeça. Invasões de privacidade, Rua Ceará, pobre Gervásio, obra na minha janela... Pensei imediatamente em chamar o síndico. Devido a impossibilidade de tal feito, tive que me contentar com sua música...

(19/05/2009)

Do Ibope ao Sofá-Cama, Tem milionário e Tio Sam no Meio do Caminho

Veja bem, talvez eu esteja dando importância demais aos acontecimentos. Mas parto do pressuposto clichê de que "tem coisas que não acontecem todo dia". Posso começar usando a minha própria pessoa como exemplo. Um belo dia, estava esse aqui saindo correndo pra aula quando o interfone toca. Ibope. Ibope? é Ibope. Quanto tempo leva? Depende da pessoa, de 25 a 30 minutos. Desculpe mas não posso, infelizmente estou com pressa. Posso voltar na sexta? Bom se você tiver outro motivo pra vir na rua... ok.

Os dias se passaram e o ibope tocou o interfone novamente. Aline e sua saga para conseguir atingir sua meta de não sei quantos pesquisados nessa quadra específica, desse bairro em questão. Perguntas respondidas e ganho um brinde, uma bonita caneta diga-se de passagem. Nesse momento é proposto um segundo questionário opcional, fica com a pessoa para responder e a pesquisadora volta outro dia para buscar. Justo. Curioso que eles tentam seduzir o pesquisado com a promessa de outro brinde (o que será dessa vez?) no ato da entrega. Mais que isso, completando essa etapa concorro a 10 sorteios de quinhentinhos. Agora o impressionante é pegar o questionário e perceber que eles conseguem perguntar exatamente TUDO que você possa ter consumido nos últimos tempos. De suco pronto para beber, passando por isotônico e chegando em cerveja (a melhor parte claro). Sabonete em barras, chá de saquinho, atividades financeiras, vegetais congelados... Aaaahhhh! Confesso que estou na dúvida se terei paciência de responder tantas perguntas relevantes até o dia em que Aline tocará o interfone novamente.

Seguindo em frente, não resolvi postar para narrar a minha experiência com pesquisa de opinião pública. Digo, pelo menos não anteriormente, premeditadamente. Chegando ao dia de hoje, tivemos a ocorrência de alguns acontecimentos inusitados...

Milionários por acaso, não acontece todos os dias mesmo. 2 sócios chineses: um homem e uma mulher que tem um pequeno negócio na Nova Zelândia e pedem 10 mil dólares neozelandezes emprestados para o banco. O Casal vai lá, vê o saldo e quase tem um ataque do coração. 10 milhões de dólares neozelandezes. O que fazer o que nessa situação? Eles conseguiram fugir com boa parte do dinheiro. Todavia tem muita gente atrás deles, provavelmente vão achar os heróis da fábula. Afinal, supostamente/provavelmente não são criminosos profissionais. Os milhões simplesmente brotaram na conta corrente! Mais uma vez: o que fazer nessa situação? Se o teste de honestidade é esse, não me levem a mau caros leitores mas confesso que tendo a optar pela contravenção.
Enquanto isso na terra do Tio Sam...
O FBI e a Polícia de Nova Iorque fizeram uma mega operação anti-terrorismo. Rastrearam e investigaram alguns meliantes por 1 ano, acompanharam todo os andamento e planejamentos até que, pasmem. Um informante macomunado com a polícia vendeu as bombas já sabotadas. Plástico no lugar de explosivo. O resto foi o procedimento de sempre. Todo mundo na parede, vocês tem direito a um advogado e tudo que disserem poderá ser usado contra vocês no tribunal. Não sei se é só comigo, mas me causa uma estranha sensação pensar em estratégias policiais que acompanhem todo o andamento da coisa até a prática em si, essa sabotada. Sinais dos tempos...


Voltando ao meu pequeno universo, para esse humilde narrador o dia também foi marcado por alguns acontecimentos fora da rotina. hoje era dia de convocação do técnico Dunga e eis que veio uma surpresa: Um homônimo foi convocado para a Seleção Brasileira. Nome e sobrenome, não acontece todos os dias mesmo... Será que alguém viu a reportagem esportiva e pensou "uma vez eu estudei com um André Santos" ? Nome comum sabe como é, quase sempre tem outro André a minha sombra. Se isso aconteceu, tomara que tenham me evocado positivamente. Além disso, fui no Boulevard na compania de minha vó procurar um sofá-cama. Tal lugar abrigava a Antiga Fábrica de Tecidos Confiança, onde trabalhava a namorada de Noel Rosa e isso o inspirava a cantar "quando o apito da fábrica de tecidos. Vem ferir os meus ouvidos, eu me lembro de você". Hoje o espaço compreende um hipermercado e um show-room de móveis. E digo mais: O preço do sofá-cama está pela hora da morte!

(22/05/2009)

Pobre Gervásio - Parte 2

Galera do Bem, Gervásio sem dúvidas se tornou um ícone para mim. Mais que isso, abriu horizontes perante meus olhos. O autor -Stanislaw Ponte Preta (na charge acima do Lan) - resgatou em mim um sentimento muito forte sobre coisas que as novelas do Manoel Carlos não mostram. Somado a isso, considero que no Insight Insôniaposso me refugiar do bombardeio de informações que recebo a todo instante. Consequentemente, insisto em acreditar que são sinais para refletir sobre a vida, o mundo, o submundo e o cotidiano carioca.

Acontece que um belo dia estou numa mesa de bar com duas turistas cearenses recém chegadas ao Rio de Janeiro e me interesso pelas suas expectativas acerca de explorar a cidade vulgo maravilhosa. Uma delas diz com todas as letras que a intenção é de beber um chopp onde os boêmios escreveram garota de ipanema, passear pelo leblon, conhecer o Rio de Manoel Carlos... Confesso que nesse tipo de situação tenho um sério problema. Bate o espirito da tolerância zero enão consigo conter minha indignação com esse recorte geográfico tão limitado e encantador para os visitantes metidos a besta ou simplesmente mal informadas. Imediatamente me senti na obrigação de esclarecer que o Rio de Janeiro é muito maior do que parece. Contei sobre a existência de fontes de riquezas culturais em outras redondezas. Expliquei que algumas eram tão significativas ou até mais estigantes que o cenário da bossa nova. Como exemplo, citeiOswaldo Cruz e Madureira para que elas compreendessem que aEstação Primeira de Mangueira não é a única escola de samba que vale a pena visitar.

Até aí tudo bem, mas resolvi ir além. Indignado com aquela recorrente visão limitada da topografia dessa cidade e querendo falar sobre o que as novelas não mostram, veio o insight. Apimentando o debate, sem a intenção de convidá-las, fiz com que elas visualizassem o cenário da rua que leva o nome do Estado de origem delas, a Rua Ceará. O choque e o pavor foram evidentes. Um "complexo underground" com variadas opções de lazer. Por que isso assusta tanto as pessoas? Arrisco dizer que existe um moralismo inconsciente dentro de nós. Por diversos motivos e/ou influências, ele desperta mais forte em alguns.

A Vila Mimosa, que é apenas um dos lugares que compõe esse cenário, não é apenas uma rede de fast food da putaria carioca. Prova disso é o trabalho do cartunista francês Janot, que anos atrás esteve no Rio para realizar um belíssimo trabalho artístico. Trata-se de um álbum ilustrado contendo os principais atrativos da cidade, e também deu origem ao filme entitulado "Rio de Janot". Naquela ocasião, o cartunista fez questão de incluir a Vila (que não é a de Noel) na lista de pontos turísticos a serem redefinidos através do seu traço, junto com Maracanã, Praia e tantos outros. Voltando a mesa de bar, contei esse caso para as cearenses. Não foi o suficiente para diminuir o choque. Pensar na existência de um local com todo tipo de usuário desse serviço e um a la carte que vai de ninfetas a dercysrealmente foi assustador. Que irônia saborosa da vida, explicar o que é a Rua Ceará para duas cearenses.

Convido todos a acessarem o site da AMOCAVIM - Associação de Moradores e Amigos do Condomínio da Vila Mimosa:http://www.vilamimosa.com.br/ (Sem inibição de clicar, por favor). Primeiramente, o slogan ocupação de respeito pode soar estranho, mas o site realmente me convence. Apesar de todas as adversidades envolvendo um tema tão tabu, existem pessoas realizando trabalho social sério voltado para um lugar deveras folclórico. Não tenho conhecimento dos propósitos, se existe uma politicagem braba por trás ou algo assim. De qualquer forma, existe uma estrutura com apoio de diversos orgãos públicos (inclusive o Ministério da Saúde). Acho isso louvável.

Não sou consumidor dos principais serviços oferecidos. Porém, aprecio beber uma cerveja em algum barzinho na Vieira Souto da VM e observar a rica fauna dos arredores: profissionais, clientes, comerciantes e familias de moradores... Certa vez saí do Maracanã e resolvi beber um suco de cevada lá para afogar as mágoas de uma derrota. Fiquei amigo de uma funcionária antiga que me perguntou quanto havia sido o jogo, já que também torcia para o Glorioso Botafogo. Convidei-a para sentar e beber comigo mas fiquei preocupado de não atrapalhar o seu marketing, considerando que não tinha interesse em solicitar os serviços da mesma. Dona Rosa riu e disse que não atrapalhava, pelo contrário estava descansando e sem pressa. Na humilde opinião desse narrador, o contato com uma pessoa de tanta sabedoria e vivências tão diferentes da minha é uma das interações mais ricas que posso ter oportundiade de alcançar na vida. Além de excelentes conselhos sobre as mulheres, Rosa foi a pessoa que me fez entender que o sucesso da VM gira em torno de algo muito maior do que o carro-chefe putaria. Não é a toa que já virou até grife de roupa.

Por fim, só lembrando que a Rua Ceará não é apenas a "ocupação". A galera do Rock se reúne em peso paralelamente ao universo descrito que existe logo ali ao lado. Garage marcou gerações. E o melhor era esbarrar com o Mother fucker Ice Cream, coroa sagaz vendendo sorvete em plena night e esbanjando desenvoltura no domínio do inglês. Pareço um defensor do submundo? Quem me dera um dia vir a ser.

(28/05/2009)

Bailes e Raves, A Lei e o Preconceito

Salve salve simpatia... Provavelmente da mesma maneira que muitos dos leitores anônimos , fui beneficiado em demasia pela sequência excessiva de feriados. Fenomenal ócio que acarretou em inesperadas consequências, assim como espontaneamente arrumar a casa - aquele tipo de coisa que a pessoa que mora com você sempre te cobra mas nunca obtêm êxito. Desta forma, foi possível não só transformar um quarto em escritório. No meu caso, isso canalizou na dispensa de velharias e revitalização de livros velhos de guerra. Pode parecer meio esquisito, mas tirar a poeira me deu a sensação de renovação que todos nós devemos exercitar ao máximo possível.

Mas o que estou falando? Porque dividir isso com vocês? Eu juro que não queria ter enrolado tanto na introdução, mas o fato é quearrumar a casa faz pensar e livros me remetem ao império acadêmico. Entretanto, torna-se inevitável a súbita lembrança na mente sobre a obrigação de passar na maldita estatística (uuuuuh, a estatística) e finalmente botar a minha idéia de monografia em prática. Ao encontro dessa situação me deparo com uma interessante reportagem da Megazine, sobre a perseguição e o preconceito para com bailes funk e festas raves e os seus respectivos gêneros musicais.

Nesse sentido, meu intuito consiste em transformar uma parte do TCC numa espécie de registro da luta subsequente ao atrito envolvendo as restrições impostas para a realização de bailes e raves. Trata-se da Lei Estadual 5.265. Para começo de conversa, é um absurdo agregar estilos musicais que envolvem públicos tão distintos no mesmo patamar de exigências. Salvo as devidas exceções (como a ocorrência de eventos do mundo funk em casas de shows como o Circo Voador e a Fundição Progresso), o ingresso de um baile normalmente tem preço muito mais barato comparado as cifras que envolvem o valor da entrada de uma rave. Correndo o risco de cair na armadilha dos estereótipos parto de uma premissa: o poder aquisitivo do frito, digo, frequentador de raves é geralmente muito superior ao do frequentador de baile funk. Logo, o dinheiro arrecadado com um evento de música eletrônica gira em torno de números muito maiores, teoricamente resultando numa facilidade maior em atender quase qualquer exigência.

Todavia, a dificuldade que os produtores da cena eletrônica carioca vem encontrando torna oportuno enfatizar o aparente caráter repressivo da Lei 5.265. Alguns requisitos são "Art. 5° - O local de realização do evento deverá dispor de banheiros para o público presente, na proporção de um banheiro masculino e um feminino para cada grupo de cinqüenta participantes" e "Art. 6º Será obrigatória a instalação de câmeras de filmagem e a gravação das imagens do evento, devendo o vídeo permanecer à disposição da autoridade policial por seis meses após o evento, Parágrafo único. O local de entrada onde serão realizadas as revistas dos freqüentadores deverá ter cobertura das câmeras de filmagens, devendo ser devidamente iluminado". É claro que não poderiam faltar os holofotes.

Contudo as restrições mais severas não são essas mas sim as que envolvem justamente instituições do poder público, leia-se "nada a opor da Delegacia Policial, do Batalhão da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, todos da área do evento, e do Juizado de Menores da respectiva Comarca". Não é a toa que o único lugar que vem sendo liberado para a realização de festas rave é o Riocentro, ao mesmo tempo que a realização de bailes funks são vetados em quadras de escolas de samba. O mesmo berço de festividades carnavalescas com volumes elevados, abrindo brecha considerável para questionarmos a incoerência do veto estar muitas vezes relacionado aos altíssimosdecibéis.


Ou seja, todos os indícios escancaram a interferência equivocada do poder público. Vejo um objetivo simples: Os esforços representam nitidamente uma forte ação no intuito de impedir a ocorrência dos bailes e raves, contudo sem ser preciso usar a palavra proibição. Os governantes hoje em dia normalmente sabem muito bem o impacto que essa palavra proporciona e os possíveis efeitos colaterais/eleitoreiros. Não só isso mas, compondo o cenário, temos relações historicamente conturbadas entre os 2 gêneros e a mídia. Outra aproximação considerável entre funk e música eletrônica que será abordada em artigos futuros. Por outro lado, há algum tempo os funkeiros vem lutando pela legitimação do funk como cultura. A organização através da APA-Funk e o apoio de alguns deputados, seja por atitude realmente consciente ou por mero populismo, são exemplos de que o show está apenas começando. De forma definitiva, trata-se de um debate promissor envolvendo poder público, mídia e população (ou se preferirem, parte dela).

O possível reconhecimento e consequente valorização cultural do funk pode virar esse jogo a favor do bom senso. Assim espero. Em suma, é um assunto que ainda renderá muitas reviravoltas e manchetes de jornal. Estarei o mais perto possível, para acompanhando o desenrolar dos fatos. Paralelo a isso, no ápice da apelação, comprei um livro de estatística bem interessante. Uma metodologia inovadora a base de charges e piadas leves, espero que dê certo. Sigo com afinco na lendária saga da estatística, para posteriormente mergulhar de cabeça nos insights monográficos ao som do batidão.

(25/04/2009)

Sátira do South Park, Diplomacias e Um Presente Para Obama

Caros leitores de hipertexto, realmente considero que a semana passada foi bastante curiosa no cenário político internacional. Lula aparecendo no South Park? Chavez presenteando Obama?

Primeiramente a intenção não era me aprofundar sobre tais temas, apenas considerei propício pontuar tais acontecimentos. Todavia, com desenvolvimento das ideias, os fatos se tornaram ilustrativos. Afinal, é sempre divertido rir dos presidentes fanfarrões, seja das pérolas de Inácio ou das extrepolias de Chavez. Sem contar que daqui a uns 2 anos, alguém - que na atualidade provavelmente ainda desconhece o blog - estará na internet de bobeira e por algum motivo vai chegar nesse post. Nesse momento futuro, o post finalmente terá cumprindo sua missão e o desconhecido se sentirá contemplado. Pois bem, vamos a pauta.
O ponto de partida está baseado em algumas considerações sobre o nosso presidente. É notório que não podemos levar a sério qualquer coisa que ele diz nos discursos (- quem esqueceu da marolinha?). Eu alterno irritabilidade ou achar graça do no sense corriqueiro. Todo mundo conhece o talento de Luiz Inácio para soltar pérolas, mas vale lembrar que não era diferente com o FHC. Deve ser mal de fantoche, defeito de fábrica ou, sei lá, apenas um péssimo hábito de muitas vezes não pensar antes de falar.

Por conseguinte, apesar de todas as minhas divergências com o governo do mesmo, existem pontos inquestionáveis. O carisma do presidente é facilmente explicado pela eficiente construção de imagem , feita em cima da condição de trabalhador operário que emergiu na política. Veja bem, não podemos esquecer que foi um trabalho árduo até acertarem na publicidade de Lula. Mas depois que engatou os resultados foram gradativos. Depois de muitas tentativas, A primeira vitória. 4 anos depois a sua reeleição. E atualmente, os inacreditáveis: mais de 80% de aprovação (não me canso de perguntar: como pode???). Devido a diversas ações diplomáticas muito bem sucedidas, a imagem do presidente ganhou enorme aceitação em nível mundial. Virou uma figura caricata, e um bom exemplo foi parar na chacota dos líderes mundiais em um desenho americano. Das greves sindicais a sátira do South Park foi realmente um caminho longo.

E o Chavez? É mesmo invocado o sujeito. Mudou o presidente dos Estados Unidos, e mudou sua postura. Menos agressivo e utilizando de mecanismos mais inteligentes como o deboche. Não me cabe julgar a sua atuação como presidente da Venezuela. Algumas coisas são óbvias: Num passado recente o governo norte-americano - por trás das cortinas - organizou um golpe de Estado que não obteve êxito, o povo ficou ao lado de seu comandante. A sua oposição cresce cada vez mais e Hugo Chavez faz de tudo para flexibilizar a constituição - em atitudes ditadoriais claras de quem não quer abrir mão do poder de jeito maneira.

Semana passada, Chavez bateu de frente com Obama e o inesperado aconteceu. Chavez presenteia o norte-americano com o livro "As veias abertas da América Latina" do Galeano. Sensacional (Mesmo sabendo que infelizmente a obra não vai ser lida, e deve ter ganho morada na primeira lixeira que apareceu pelo caminho). Eu queria entender o que fez ele adquirir essa postura. Será que o presidente da Venezuela analisa a repercussão midiática de seus gestos? Teria alguém agindo na construção da imagem de 'Chavez paz e amor' assim como foi feito com Lula? claro que não, é apenas mais um Chefe de Estado com tendências para um lado fanfarrão.

Se foram fatos irrelevantes tenho minhas dúvidas, mas mereciam um registro. Pra fechar - mesmo sabendo que o nosso contador é sequelado e não soube distinguir muitos cliques efetuados pelos próprios André Kaizen e Vlad Pontes, aproveito e deixo aqui uma menção e um agradecimento aos leitores anônimos pelas 20 mil visitas, marca significativa. Obrigado.

(22/04/2009)