sábado, 26 de dezembro de 2009

De Braços Abertos Sem Abraçar Ninguém


Bom, não gostaria de ter que utilizar esse espaço para escrever algo pesado, mas a revolta fala mais alto. Aliás, gostaria de evitar abordar algo assim para evitar interpretações indevidas por parte de pseudos. Intelectualizar esse tipo de acontecimento jamais será minha intenção.

Porém, vamos aos fatos.

02 de Março de 2009: Calçada na frente da Estação de Trem do Corcovado - Aproximadamente 19:30

Um homem de meia idade está no chão totalmente inconsciente enquanto é acudido pelo desespero de seus familiares. Algumas pessoas tentam ajuda pedindo o apoio de policiais militares - na intenção de que uma viatura levasse a pessoa para o hospital mais próximo, e os mesmos se omitem perante tal situação. Detalhe: A cabine está vazia, em um dos pontos de maior concentração de policiais que cuidam do aparato designado ao turismo.

Começa uma luta desenfreada por um táxi ou alguém de carro que ajude. O 193 é posto em prática, mas todos ali sabem que depender da SAMU nesse momento seria assinar o atestado de óbito.

Algumas pessoas fazem sinal para cada táxi que passa, alguns passam cheios, outros passam vazios e não param. E o pior. 2 Taxistas chegam a parar, mas vendo que trata-se de uma pessoa passando muito mal desistem e vão embora. Um para no sinal e tem a lataria levemente agredida, que causa a indignação de um motorista alheio que está na pista do outro lado. Então esse motorista é informado do que está acontecendo e também recebe o pedido de ajuda, mas ignora a situação.

A minha questão é clara e simples, é uma questão de humanidade.Qual a mentalidade que esses sujeitos tem? Que tipo de equilíbrio uma pessoa dessas pode ter? Que preparo profissional para qualquer área esse sujeito pode ter? Imagino que pessoas de tal frieza pensem "Ih tá morrendo, não vou levar. Não quero aborrecimento pra mim. Além do mais, se bobear nem pagam a corrida no desespero".

Depois de alguns minutos, surgiu um taxista que aceitou levar. Acredito que já era tarde demais, desde o início para falar a verdade. Porém, os parentes precisavam do conforto de que houve tentativa de socorro. De imediato, isso foi inviável e uns 10 minutos se passaram até que ele estivesse a caminho de qualquer hospital. Por enquanto não sei se ele morreu e o que ele teve, de qualquer forma faço votos de fé para que ele tenha tido um tratamento digno.

Foi só mais uma história triste da vida, evidenciando uma sociedade corrompida pelo mal.
Mostrando traços de personalidades sádicos do ser humano que vão muito além do individualismo.
Reafirmando a incompetência do Estado.
Ironicamente no pé do Cristo, o ponto turístico mais badalado da cidade vulgo maravilhosa.

Esse é o nosso Rio.
Esse é o nosso Brasil.
Esse é o nosso Mundo.

(02/03/2009)

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